VEJA COMO FICA SUA POUPANÇA COM AS NOVAS REGRAS DO GOVERNO FEDERAL
O rendimento da caderneta de poupança ganha cara nova a partir
desta sexta-feira, (03/05). O ganho da aplicação financeira mais popular do País passará
a ser um porcentual da taxa básica de juros e não mais um valor fixo. A mudança
não afetará as poupanças antigas, apenas as que forem abertas agora ou novos
depósitos nas contas já existentes. A medida abrirá espaço para o Banco Central
continuar a reduzir os juros como defende a presidente Dilma Rousseff. Pela nova regra de remuneração, o dinheiro depositado na
poupança será corrigido mensalmente pelo equivalente a 70% da taxa básica de
juros mais a variação da Taxa Referencial (TR). Isso valerá sempre que a Selic
estiver em 8,50% ao ano ou em patamar menor. Se a taxa estiver acima disso, o
rendimento continuará sendo o atual: 0,5% ao mês mais a variação da TR.
A nova fórmula de remuneração das cadernetas foi aprovada ontem
pela presidente Dilma, depois de uma longa reunião com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, no Palácio da Alvorada. Na avaliação do titular da Fazenda, a mudança na caderneta deve
ser entendida como uma 'reforma estruturante', que irá reduzir os entraves para
a queda da taxa básica de juros. Como a remuneração atual da poupança é fixa, o
juro pago ao poupador acaba servindo como um piso para a Selic, que atualmente
está em 9% ao ano. Pelas regras vigentes, a poupança paga hoje o equivalente a
6,17% por ano.
Entraves
"O Estado brasileiro está num processo de mudança, para que se
tenha um desenvolvimento sustentável. Os alicerces estão sólidos: inflação sob
controle, solidez fiscal, redução da dívida publica, segurança jurídica dos
contratos", disse o Ministro Mantega, ao receber os jornalistas em seu gabinete para explicar a
medida. 'Precisávamos reduzir os entraves para a queda da taxa básica de juros',
acrescentou. Uma das preocupações do governo, que justificam a mudança nas
regras de remuneração da caderneta, é o efeito que a manutenção de um ganho fixo
para essa aplicação teria sobre os fundos de investimento, que pagam,
normalmente, índices próximos a Selic. Sem alterações na caderneta e com a
continuação dos cortes da taxa básica, poderia haver uma grande migração de
recursos dos fundos para a poupança. O próprio governo poderia ser um dos prejudicados com esse
movimento, uma vez que os fundos de investimentos são grandes compradores de
títulos públicos, ou seja, o Tesouro Nacional teria dificuldades de financiar
sua dívida.
Da Data de corte
Todos os depósitos em caderneta efetuados até o final do
expediente bancário desta quinta-feira seguirão a regra de remuneração antiga.
Mas a partir desta sexta-feira, o dinheiro que for colocado na caderneta passará
a seguir a nova fórmula. Segundo Mantega, os bancos indicarão no extrato das
cadernetas o volume de recursos que seguirão as regras antigas e o dinheiro que
será corrigido pelo novo modelo. O ministro fez questão de frisar que o governo
continuará isentando os depósitos em caderneta do pagamento do imposto de
renda. A decisão de fixar em 70% a fatia da Selic que servirá de base
para corrigir os saldos das cadernetas não foi aleatório. Segundo Mantega, o
rendimento da poupança nunca foi superior a esse patamar, por isso, a equipe
econômica considerou acertado manter esse teto.
A taxa de juros que servirá de referência para remuneração da
poupança é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Composto pelos diretores do BC, o grupo tem reuniões de 45 em 45 dias, quando
avaliam as projeções para a inflação e definem qual deve ser o patamar de juros
que irá garantir que os preços sigam dentro da meta definida pelo governo. A próxima reunião do Copom acontecerá nos dias 29 e 30 de
maio. Analistas do mercado financeiro estimam que a taxa básica pode ser
reduzida novamente. Desde agosto do ano passado, os diretores do BC iniciaram um
ciclo de corte da Selic, que caiu neste período de 12,5% para 9% ao ano.