terça-feira, 22 de maio de 2012

 SECA NORDESTINA
AGRICULTORES TEEM POUCAS ESPERANÇAS NAS PROMESSAS DO GOVERNO

O Plenário da Câmara lotado, terminou esvaziado por descrédito dos agricultores nos programas do governo. (Fóto Ribamar)

            Reunidos na Câmara Municipal de João Câmara, nesse último dia 22, pela manhã, agricultores do Município de João Câmara ouviram da Prefeitura Municipal, da Emater e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais o relato das medidas que os Governos Federal e Estadual têm para assistirem a eles nesse período de estiagem.  As medidas do governo estão voltadas para a liberação os Seguro Safra, do Programa Garantia Safra, que em torno de R$ 600,00 (seiscentos reais), por agricultor, serão pagos aos agricultores cadastrados no programa em quatro parcelas iguais, sendo cada uma de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), mas no caso desse programa, o grande problema é a dificuldade do governo federal antecipar as parcelas para o mês de junho de 2012, que são pagas sempre no final das safras quando essas oferecem prejuízos aos beneficiados, pelo fato de as prefeituras ainda estarem devedoras das suas contrapartidas, inclusive com parcelas também ainda a vencerem.  Outro programa que pode beneficiar os agricultores é o Bolsa Estiagem, criado agora no Governo da Presidenta Dilma, o qual deverá ser pago o valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais), divididos em cinco parcelas iguais de R$ 80,00 (oitenta reais) cada, para cada agricultor. Ainda dentro dos programas que podem beneficiar os agricultores vítimas da estiagem estão os financiamentos do PRONAF, com um teto de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), este destinado a compra de rações, 35% e o restante destinado para investimentos na propriedade, como barreiros, cercas, dentre outros equipamentos.
                       Para o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de João Câmara, Renda, o grande problema reside no fato de os agricultores ouvirem as promessas e não verem  a concretização das atitudes, o que faz os agricultores não acreditarem mais e aumentar o sofrimento dos mesmos.  Por outro lado acredita o Presidente dos Trabalhadores que o dinheiro do PRONAF, liberado para os agricultores que estão passando dificuldades financeiras, vai servir para que as famílias gastem com comida, pois nesse momento já está havendo fome, o mesmo podendo acontecer com os empréstimos de até R$ 12.000,00 (doze mil reais) que vão estar disponíveis para que os agricultores possam usar em recursos hídricos. Disse Renda que o que está havendo é que o Governo Federal não está encontrando saída para a crise e enquanto isso os agricultores estão sofrendo, uma vez que, mesmo havendo os programas, as liberações estão paradas.  Disse ainda o Presidente do Sindicato que os governos municipais, estadual e federal deveriam se unir para resolverem o problema da água no que diz respeito a irrigação, pois essa é a solução para a seca.
                        Para Saulo, Técnico da Emater local, que concorda com as afirmações do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no presente momento o que se observa é que a EMATER não desenvolve mais programas produtivos como eram feito no início de sua criação, pois hoje os técnicos do órgão estão mais voltados para os serviços burocráticos, ficando "entocados" nos escritórios do órgão, de frente para um computador, somente cadastrando agricultores interessados nos programas assistenciais do governo, como por exemplo, emitindo DAPs, ou seja, Declarações de Aptidões de Agricultores para o PRONAF, pois ao contrário de muito antes, a EMATER levava programas produtivos aos agricultores. Da reunião, segundo concordaram Saulo e Renda, os agricultores, em torno de setenta participantes, todos saíram desolados sem verem os resultados práticos esperados.

Saulo e Renda concordam com a mudança do modelo de aplicação dos recursos do PRNAF (Foto Ribamar)
              A exemplo de descasos assim com os programas destinados aos agricultores, D. Neuza, esposa do agricultor José Balbino de Araújo, do Assentamento Bom Sucesso, em Pedra Grande, afirmou que do programa de recuperação de moradias para os assentados daquela área e dos R$ 8.000,00 (oito mil reais) destinados as famílias, apenas R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram liberados, faltando ainda, depois de mais de ano, a liberação do outros R$ 3.000,00 (três mil reais), estando as residências com seus serviços complementares e de acabamentos sem terminarem. Dona Neuza concordando com Renda e com Saulo, citou o exemplo do assentado Lulu, do Assentamento Bom Sucesso, que investiu recursos na irrigação e hoje, além de produzir alimentos como melão, milho e tomate, ainda retira do resto da colheita, alimentos para os seus animais, pois assim, como esse exemplo, deveria o governo incentivar os agricultores a pequenas irrigações.
 
D. Neuza dá exemplo da boa aplicação de recursos do PRONAF e pede ampliação dos resultados (Foto Ribamar)